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Erney Plessmann de Camargo morre aos 87 anos

Um dos mais renomados pesquisadores no mundo em malária e doenças negligenciadas presidiu a Fundação Conrado Wessel, CNPq, Instituto Butantan e CTNBio

Erney Plessmann de Camargo, presidente da Fundação Conrado Wessel (FCW), morreu nesta sexta-feira à tarde (03/03), em São Paulo, aos 87 anos. Estava internado desde o dia 15 de fevereiro, quando se submeteu a uma cirurgia na coluna que apresentou complicações. O velório foi realizado no sábado.


Um dos mais conhecidos nomes da ciência brasileira, seja como pesquisador ou gestor, Camargo era professor emérito do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), professor emérito da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e professor titular da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Em 2021 recebeu o título de professor emérito da USP. Foi presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), presidente do Instituto Butantan e diretor presidente da Fundação Butantan. Estava à frente da FCW desde 2021, como presidente e coordenador científico.


Casado com Marisis Aranha Plessmann de Camargo, professora de Literatura Inglesa e tradutora, deixa os filhos Marcelo, Fernando, Eduardo e Anamaria, todos conhecidos cientistas, e 12 netos.


Nascido em 20 de abril de 1935, em Campinas, filho de Felicio Edgard e Mary Marcondes, Erney Felício Plessmann de Camargo formou-se em 1959 pela Faculdade de Medicina da USP. O início em ciência foi logo no segundo ano do curso no Departamento de Parasitologia, liderado por Samuel Barnsley Pessoa. Depois de formado, estagiou por um ano no Instituto Butantan, supervisionado por Sebastião Baeta Henriques, estudando biossíntese de proteínas. Em 1961 foi convidado por Leônidas de Mello Deane, que ocupava a regência do Departamento de Parasitologia, para ingressar como auxiliar de ensino no quadro docente da Faculdade de Medicina.


No início de sua carreira foi fortemente influenciado por outros pesquisadores da faculdade, como Luiz Hildebrando Pereira da Silva, Leônidas e Maria Deane, Luis Rey, Victor e Ruth Nussenzweig, Michel Rabinovitch, Olga Castellani e José Ferreira Fernandes. Seus primeiros trabalhos foram sobre a bioquímica de protozoários parasitas em colaboração com Luiz Hildebrando.


Publicado em 1964, seu primeiro trabalho independente, sobre o crescimento e diferenciação do Trypanosoma cruzi, continua a ser regularmente citado na literatura científica internacional. Publicou centenas de artigos científicos, sendo reconhecido como um dos principais pesquisadores em malária e doenças negligenciadas no mundo.


Em 1964, junto com outros pesquisadores da USP, foi demitido por razões políticas e mudou-se para os Estados Unidos, onde permaneceu por cinco anos na Universidade de Wisconsin, trabalhando com Walter Plaut e D. R. Sonneborn. Retornou ao Brasil em 1969 e obteve o título de doutor pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. No ano seguinte, a convite de José Leal Prado de Carvalho, ingressou na Escola Paulista de Medicina, onde atuou como professor e chefe de departamento. Nesse período também realizou a livre docência no Departamento de Bioquímica da USP (1979) e o pós-doutoramento no Instituto Pasteur (1984).


Retornou à USP em 1985 como professor titular no ICB, onde foi chefe do Departamento de Parasitologia e vice-diretor. Ainda na universidade, entre 1988 e 1993 ocupou o cargo de pró-reitor de Pesquisa. De 1986 a 1989 foi membro do Conselho Deliberativo do CNPq e seu presidente entre 2003 e 2007. Foi presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e da Fundação Zerbini-Incor. Integrou os conselhos superiores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Fundação Antonio Prudente, entre outros.


Foi membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da Academia Mundial de Ciências (TWAS), da Sociedade Brasileira de Parasitologia, da Sociedade Brasileira de Bioquímica e da Sociedade Brasileira de Protozoologia, entre outras. Por sua trajetória científico-acadêmica recebeu diversas honrarias, como a Ordem do Ipiranga, no grau Grã-Cruz (2006), a Ordem Nacional do Mérito Científico, nos graus comendador (1998) e Grã-Cruz (2002), o prêmio LAFI de Medicina (1980) e o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Nacional de Inginiería do Peru.


(com informações da ABC, USP e CNPq)



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