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Morre o filósofo Luiz Henrique Lopes dos Santos

Professor do Departamento de Filosofia da USP dedicou-se com rigor e elegância à filosofia da lógica e à história da filosofia, com estudos fundamentais sobre Frege e Wittgenstein


O filósofo Luiz Henrique Lopes dos Santos morreu na madrugada de domingo, 27 de julho, aos 76 anos. A despedida foi realizada na tarde do mesmo dia, no Crematório e Cemitério Vertical da Penitência, no Caju, Rio de Janeiro. Nos próximos dias, será realizada uma missa em sua homenagem em São Paulo.


Professor sênior do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP) e professor visitante sênior no Programa de Pós-Graduação em Lógica e Metafísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Lopes dos Santos foi uma das vozes mais influentes da filosofia no Brasil. Dedicou-se com rigor e elegância à filosofia da lógica e à história da filosofia, com estudos fundamentais sobre Gottlob Frege e Ludwig Wittgenstein.


Graduou-se pela FFLCH, em 1971, ingressando no mesmo Departamento de Filosofia como professor no ano seguinte, com apenas 22 anos, num momento de renovação forçada após a perseguição política a professores durante a ditadura militar. Com orientação de nomes como Otília Arantes, José Arthur Giannotti e Oswaldo Porchat, consolidou uma carreira que se estendeu por instituições como a Unicamp, a École Normale Supérieure e a Universidade Paris 7. Sua tese de doutorado, defendida em 1981 e publicada anos depois como O olho e o microscópio, permanece como referência sobre o pensamento de Frege.


Além da atividade acadêmica, teve atuação destacada em instituições científicas. Foi coordenador adjunto da Diretoria Científica da FAPESP, onde participou da criação do Programa de Ensino Público e contribuiu para o desenho do Programa de Políticas Públicas, voltado à aplicação de pesquisas das humanidades na formulação de soluções sociais. De 2001 a 2022, foi também coordenador científico da revista Pesquisa Fapesp, ajudando a consolidar a publicação como um dos principais veículos de divulgação científica do país.


"A área de filosofia perde uma de suas referências fundamentais. E essa perda é deveras significativa, pois o legado de Luiz Henrique ultrapassa em muito os trabalhos que deixa escritos. Não que o legado escrito possa perder o vigor. Sua tradução do Tractatus Logico-Philosophicus de Wittgenstein continua sendo exemplar. É mesmo uma obra prima insubstituível. Seu livro sobre Frege, O Olho e o Microscópio, mesmo lançado anos depois de ter sido defendido como tese, conserva um vigor todo seu, sendo também exemplar de uma leitura, a um só tempo, rigorosa e criativa. Seus outros textos sobre Leibniz, Aristóteles e Wittgenstein (entre outros temas) são contribuições das mais elegantes, no limite de uma precisão e refinamento difíceis de igualar", disse o amigo João Carlos Salles, filósofo e professor na Universidade Federal da Bahia.


"Entretanto, não teremos mais sua argumentação poderosa (por vezes, construtiva; não raro, devastadora), sendo ela capaz de estabelecer um apaixonante padrão de excelência acadêmica em nossa área. Nossa área está de luto. Os que tiveram o privilégio de sua presença nunca o esquecerão", disse Salles.


Leia entrevista de Lopes dos Santos publicada pela revista Pesquisa Fapesp em maio.




 
 
 

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