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Isaac Roitman morre aos 86 anos

Professor emérito da UnB foi pesquisador de destaque na área biomédica e importante pensador do sistema de ensino brasileiro


* Com informações da ABC e da UnB


O cientista e intelectual brasileiro Isaac Roitman, professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), morreu nesta sexta-feira (07/03), aos 86 anos.


Membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Roitman foi um pesquisador destacado na área biomédica e importante pensador do sistema de ensino brasileiro em seus diferentes níveis. Mesmo aposentado formalmente da sala de aula desde 1995, continuou ativo nas universidades, nas agências de financiamento, na administração e no debate público, contribuindo com ideias para o Brasil almejar dar o salto necessário na qualidade de sua educação.


Na pesquisa, destacou-se nos estudos sobre a fisiologia de microrganismos, especialmente protozoários tripanosomatídeos. Publicou mais de 60 artigos científicos em periódicos indexados, editou livros e contribuiu com capítulos em diversas obras. Auxiliou também na formação de novos pesquisadores, orientando dezenas de dissertações de mestrado e teses de doutorado.


Filho de Adolpho e Ida Roitman, nasceu em 1939 em Santos, onde viveu até completar os estudos secundaristas. Em 1958, mudou-se para cursar Odontologia na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, onde primeiro interessou-se pela Microbiologia, área em que faria carreira. Formou-se em 1962 e logo ingressou no doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que realizou no Laboratório de Fisiologia Microbiana sob orientação do professor Luiz Raja Gabaglia Travassos. Após obter o título em 1967, Roitman acumulou experiências internacionais de pós-doutorado, nos Estados Unidos, Israel e Inglaterra. Seu principal foco de pesquisa durante a carreira foram os protozoários, mais especificamente os tripanossomatídeos, família que incluí os patógenos causadores da doença de Chagas e da leishmaniose.


Em 1964, Roitman teve sua primeira experiência profissional ingressando como professor assistente na UFRJ. Dez anos depois, foi aprovado para o cargo de professor titular na UnB instituição onde faria a maior parte de sua trajetória. Na UnB, além de ensinar e pesquisar, ocupou diversos cargos de liderança. Foi chefe do Departamento de Biologia Celular (1974-1976), diretor do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (1986) e decano de Pesquisa e Pós-Graduação (1985-1989). Trabalhou também na Universidade Estadual do Norte Fluminense, a convite de Darcy Ribeiro, onde foi diretor do Centro de Biociências e Biotecnologia (1996-1997), e na Universidade de Mogi das Cruzes, onde chegou a ser reitor.


Era membro da ABC desde 1996 e fez parte de outras sociedades científicas, tendo sido diretor da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) entre 1991 e 1993, presidente e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Protozoologia de 1993 a 1997. Entre 1994 e 1996, coordenou o Comitê de Assessoramento em Biomédicas e representou o conjunto dos comitês temáticos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), onde em 2004 presidiu a Comissão de Avaliação da Iniciação Científica. Também foi diretor de Avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) entre 2003 e 2004; diretor do Departamento de Políticas e Programas Temáticos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) entre 2005 e 2009; e sub-secretário de Políticas para Crianças da Secretaria da Criança do Governo do Distrito Federal entre 2011 e 2012.


Participante ativo do debate público brasileiro, Roitman escrevia regularmente colunas para os jornais Correio Braziliense e Monitor Mercantil, onde abordava questões relacionadas à educação e ao investimento público em ciência. Na UnB, fundou o “Movimento 2022: O Brasil que Queremos”, que congregou instituições de ensino, pesquisa e filantrópicas para pensar caminhos humanísticos para o Brasil.


“Isaac Roitman foi um grande pensador que batalhou até o fim pelo Brasil que queremos. Lutou pela ciência e pela educação, especialmente a infantil e de jovens, não só universitários. Batalhou incansavelmente pelos direitos humanos e pela equidade. Esse foi o Isaac Roitman que tive o privilégio de conhecer”, disse Helena Nader, presidente da ABC.


Confraria


Isaac Roitman foi um dos fundadores e ativo participante da Confraria, um grupo de amigos que se reunia para discutir os rumos da ciência brasileira. Carlos Morel, Erney Plessmann de Camargo, Henrique Krieger, Marcello Barcinski, Luiz Travassos, Nisia Trindade e Wanderley de Souza eram outros integrantes que se reuniam em almoços ou jantares em São Paulo, Rio de Janeiro ou Brasília.


Em entrevista para a FCW, publicada no livro Coragem: Erney Plessmann de Camargo e o desafio de fazer ciência no Brasil, Roitman lembrou da amizade com os colegas cientistas.


“Acho que foi em 2000 quando decidimos fazer uma viagem juntos. Erney, Zigman Brener, Henrique Krieger, eu e nossas esposas. Nos encontramos em Paris e viajamos por Israel e pela Turquia. Depois cada um seguiu para um lugar diferente e nos encontramos novamente em Praga, em um bar que o Erney conhecia. Outro encontro ocorreu algum tempo depois, quando o Zigman, talvez a maior autoridade em doença de Chagas desde Carlos Chagas, começou a manifestar Alzheimer. Eu, o Erney e o Krieger nos encontramos no aeroporto em Belo Horizonte e fomos almoçar na casa do Zigman que felizmente nos reconheceu. Mais que colegas, éramos como irmãos”, disse.


“Tivemos muitos momentos alegres, emoldurados por um bom uísque. Erney sempre foi um humanista, com pensamentos e atitudes para o coletivo. Foi um são-paulino fanático, mas sempre mantivemos uma convivência virtuosa apesar de eu ser torcedor do Santos. Nos últimos anos, através da Confraria, idealizada por Erney, tivemos muitos encontros presenciais e virtuais", disse.


Para ler o livro Coragem!, clique aqui.



Fotos: Edu Lauton/Secom UnB e arquivo de Carlos Morel.







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