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Manuela Carneiro da Cunha ganha o Prêmio Álvaro Alberto

Com pesquisas de referência sobre história indígena e escravidão negra, antropóloga formou mais de 30 mestres e doutores



A antropóloga Maria Manuela Ligeti Carneiro da Cunha, professora titular aposentada da Universidade de São Paulo (USP) e emérita da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, foi laureada com o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para a Ciência e Tecnologia, na categoria Ciências Humanas e Sociais, Letras e Artes.


Ao elaborar estudos de referência sobre direito indigenista, história indígena, escravidão negra e teoria antropológica, ela publicou 12 obras, 38 artigos em periódicos científicos e 32 capítulos de livros, além de ter organizado outras quatro obras e formado mais de 30 mestres e doutores.


Criado em 1981, o prêmio é concedido por meio de uma parceria entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), a Fundação Conrado Wessel (FCW) e a Marinha do Brasil.


Seu objetivo é estimular e reconhecer pesquisadores brasileiros pela contribuição à ciência e à tecnologia. É oferecido anualmente, alternando-se entre as áreas de ciências exatas, da Terra e engenharias, ciências da vida e ciências humanas e sociais, letras e artes.


Cunha graduou-se em matemática pela Faculdade de Ciências de Paris em 1967 e defendeu doutorado em ciências sociais na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 1976, instituição na qual também lecionou. Com pesquisas realizadas na Amazônia e na África Ocidental, a antropóloga participou de debates políticos em prol dos direitos de povos indígenas.


Em 1986 fundou, na USP, o Núcleo de História Indígena e do Indigenismo e dirigiu um projeto sobre o assunto. Dentre seus livros de destaque estão Cultura com aspas (Ubu Editora, 2009), que reúne ensaios produzidos durante 30 anos; Negros, estrangeiros: Os escravos libertos e sua volta à África (Companhia das Letras, 2012) e Os mortos e os outros: Uma análise do sistema funerário e da noção de pessoa entre os índios Krahó (Hucitec, 1978). Além disso, organizou História dos índios no Brasil (Companhia das Letras, 1992) e Enciclopédia da floresta (Companhia das Letras, 2002).


É integrante da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Academia de Ciências do Terceiro Mundo, além de fazer parte do Observatório dos Direitos Humanos no Poder Judiciário no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), desde 2020. Foi presidente da Associação Brasileira de Antropologia de 1986 a 1988 e em 2018 recebeu o Prêmio de Excelência Gilberto Velho para Antropologia, concedido pela Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs). Atendendo solicitação do MCTI, entre 2014 e 2017 elaborou um programa sobre conhecimento indígena e colaborou com a produção de um diagnóstico sobre as contribuições dos povos indígenas e comunidades locais à conservação da biodiversidade e recuperação de solos no Brasil.


O Prêmio Almirante Álvaro Alberto concede R$ 200 mil ao pesquisador reconhecido, além de diploma, medalha e uma viagem em navio de assistência hospitalar à Amazônia ou à Antártida, oferecida pela Marinha do Brasil. A premiação à antropóloga acontecerá em 6 de outubro, em cerimônia virtual.


Publicado na revista Pesquisa FAPESP.

Foto: IEA-USP

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