Vida, ciência e energia
- Fundação Conrado Wessel
- 28 de mar.
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Seminário destaca a contribuição do Almirante Álvaro Alberto para o desenvolvimento da ciência e tecnologia e da pesquisa em energia nuclear no Brasil

Um dos maiores nomes da história da ciência no Brasil foi homenageado em um evento realizado nesta sexta-feira (28/03), em São Paulo. O Seminário Almirante Álvaro Alberto: Vida, Ciência e Energia reuniu cientistas, historiadores, estudantes e oficiais da Marinha em apresentações e debates sobre o idealizador do Programa Nuclear Brasileiro, que presidiu por duas vezes a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e propôs a criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Álvaro Alberto da Mota e Silva (1889-1976) também foi presidente da Sociedade Brasileira de Química e representante do Brasil na Comissão de Energia Atômica da Organização das Nações Unidas (ONU). Como presidente da ABC, recebeu Albert Einstein em sua visita ao Brasil, em 1925. Durante sua gestão no CNPq, participou ativamente da criação do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, do Instituto de Pesquisas da Amazônia, do Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação e da Comissão Nacional de Energia Atômica.
O Seminário Almirante Álvaro Alberto foi realizado no auditório do Centro Tecnológico da Marinha, localizado na Cidade Universitária do Butantã. Organizado pelo diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, Almirante de Esquadra Alexandre Rabello de Faria, o evento contou com apresentações de pesquisadores e autores de livros e estudos sobre Álvaro Alberto.
Autor de Álvaro Alberto – A Ciência do Brasil e organizador de O Almirante e o novo Prometeu, João Carlos Vitor Garcia falou sobre a importância de Álvaro Alberto para o desenvolvimento da ciência e do estudo da energia nuclear no Brasil. Ele também destacou o legado institucional de Álvaro Alberto e sua valorização da ciência e da tecnologia como uma “poderosa alavanca do desenvolvimento das forças produtivas”.
“Das propostas que liderou, resultaram avanços significativos na estrutura institucional da pesquisa brasileira, muito embora tenham sido afetadas por embates internos e interferências norte-americanas. Apenas no CNPq, foram quatro anos de trabalhos intensos, que levaram à criação de vários institutos”, afirmou Garcia.
Garcia destacou que Álvaro Alberto liderou a formalização da proposta do CNPq, articulando-a entre acadêmicos, militares e representantes do governo, além de defender a preservação da autonomia das universidades e dos institutos de pesquisa.
Gildo Magalhães dos Santos Filho e Camila Martins Cardoso apresentaram o Arquivo Almirante Álvaro Alberto, mantido no Centro de Interunidade de História da Ciência (CHC) da USP. Organizado a partir do acervo do Almirante, doado pela família ao CHC, o arquivo reúne milhares de documentos, entre registros textuais e fotográficos. O acervo, originalmente localizado em Petrópolis, cidade natal da família de Álvaro Alberto, passou por tratamento e catalogação, culminando na publicação de um inventário analítico em 1996, sob a direção do professor Shozo Motoyama (1940-2021).
Com o objetivo de dinamizar o acesso aos documentos, eles estão sendo digitalizados em um trabalho coordenado por Cardoso. “O arquivo registra o trajeto criativo e político de seu personagem principal, envolvido nas discussões e negociações acerca das questões nucleares na ONU e na criação do CNPq, entre outras realizações”, explicou a pesquisadora.
Entre os documentos apresentados por Cardoso em sua palestra, destacam-se correspondências, como uma carta em que Álvaro Alberto reforça a necessidade da fundação de um “Conselho Nacional de Pesquisas, para fomentar e coordenar as atividades científicas e promover o aperfeiçoamento, bem como de uma Comissão Nacional de Energia Atômica”, e outra, recebida de Albert Einstein, na qual o físico ressalta a “inescapável responsabilidade” dos cientistas de informar os cidadãos sobre o mau uso da energia atômica e suas consequências.
O arquivo pode ser consultado pela internet em: chc.fflch.usp.br/arquivo-almirante-alvaro-alberto.
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